terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Atividade Continuada 1º Bimestre/2015 - 9º Anos - Colégio Ressurreição Catanduva














Legendas das Fotos:

Grupo 01 – Foto tirada da rua Brasil, entre as ruas Pernambuco e Paraíba, no ano de 1947.

Grupo 02 – Foto da capitação d’água, em 1930, localizado na Avenida José Nelson Machado, próximo ao viaduto.

Grupo 03 – Foto de 1963, mostrando as três praças do Parque das Américas.

Grupo 04 – Rua Brasil, no ano de 1930, esquina com rua Rio Preto, onde temos hoje o prédio da Faria Veículos.

Grupo 05 – Rua Brasil, no ano de 1937, entre as ruas Bahia e Sergipe. A padaria que vemos na foto é onde hoje está localizada a loja Dalto Jóias.

Grupo 06 – Rua Brasil esquina com rua Bahia, no ano de 1960.

Grupo 07 – Rua Brasil, entre as ruas Minas Gerais e Bahia, tirada em 06 de agosto de 1922.

Grupo 08 – Rua Pernambuco, a partir da rua Pará, sentido rua Brasil, no ano de 1925.

Grupo 09 – Rua Brasil, acima da rua Bahia. Esta foto foi tirada em 1º de abril de 1937.

Grupo 10 – Foto tirada da rua Brasil, quase esquina com rua Bahia, no ano de 1925.

Grupo 11 – Carro-de-boi subindo a rua XV de Novembro, na década de 1920, na cidade de Pindorama.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Os três aeroportos de Catanduva

Pouca gente sabe, mas Catanduva quase teve três aeroportos

Foto do Aeroclube em meados dos anos 80. Nota-se ainda vários pés de café atrás do aeroclube, onde hoje se encontra uma ampla avenida e várias residências (atual bairro Agudo Romão)

Um dos assuntos que mais estavam em alta lá pelos anos de 1939/1940, quando o mundo se defrontava com os ataques traiçoeiros de Hitler, era sem dúvida a aviação.
De todos os lados do planeta surgia a idéia de se incentivar ao máximo a formação de jovens aviadores. O movimento crescia, e no Brasil ela já era vista com bons olhos, uma vez que a aviação nacional tinha fins pacíficos.
Naquela época, Catanduva já despontava como um dos maiores centros de nosso Estado e tinha que acompanhar a grande evolução que o mundo passava. Era preciso que o progresso aqui continuasse a todo o vapor, abrangendo todos os setores da vida comunitária.
Foi com essa idéia de avanço e progresso, que um grupo de bons catanduvenses se reuniram no dia 20 de janeiro de 1940, no salão do Banco do Brasil (que funcionava na Praça da República, onde hoje se encontra o Banco Itaú), às 20 horas, para fundarem o Aeroclube de Catanduva.
Nessa reunião, procedeu-se a aprovação do estatuto e elegeu-se o Conselho Deliberativo, com seus respectivos suplentes. No dia seguinte, em nova reunião, foi eleita a primeira diretoria que era composta pelo Sr. Antonio Halmalo Silva, presidente; Dr. Ângulo Dias, vice-presidente; Euclides Pereira e José Floriano Martins, 1º e 2º secretário; José Cunto e Dr. Henrique Smith, 1º e 2º tesoureiros.
A idéia principal não era só a criação de uma pista de pouso local, mas sim a formação de pilotos, contribuindo para elevar cada vez mais os índices educativos e profissionalizantes da juventude catanduvense.
Logo nos seus primeiros meses, a diretoria buscou regulamentar a legislação e obter o terreno para o seu campo de aviação. Autorizado a funcionar, por ato do Aeroclube do Brasil, conseguiram os seus fundadores um grande terreno no espigão da Fazenda São José, o melhor ponto que encontrou, sendo doado pelo senhor Ricardo Lunardelli, que posteriormente recebeu o título de presidente honorário do Aeroclube de Catanduva. O campo também alcançava um pedaço do terreno da propriedade agrícola do senhor José Pedro da Motta Filho, que também lhe cedeu de bom grado a faixa necessária. Ambas as terras continham grande plantação de café.
Porém, o que muita gente não sabe é que logo no início o aeroclube não funcionava no local onde o conhecemos hoje. Em seu começo, o aeroclube funcionava numa área de declive do outro lado da rodovia Washington Luiz.
A idéia da mudança se deu por causa do tamanho do aeroporto, já que esse primeiro possuía 600x100m e era pequeno para poder receber aviões de tamanhos maiores.
Diante disso é que se deu a construção de um novo aeroporto, com dimensões maiores do que o primeiro, possuindo 1200x40m.

Foto do Brigadeiro Fontenelle (canto esquerdo) com o Sr. Antônio Stocco e Sr. Gentil de Ângelo, no dia da inauguração do novo aeroclube, em 28 de julho de 1951 

A inauguração deste novo aeroporto foi um fato muito importante para a cidade de Catanduva.
A festa de inauguração coincidiu com a abertura das novas linhas da “Real” na cidade, ligando Catanduva com uma linha direta para São Paulo e se deu em 28 de julho de 1951.
O nosso saudoso Padre Albino foi o responsável por dar a bênção, onde o evento ainda contou com a presença do Brigadeiro Henrique Dyott Fontenelle, diretor da Aeronáutica Civil e sua esposa, oficial que veio representando o Ministro da Aeronáutica; junto dele se deu a presença do Comandante Pessoa Ramos, do 1º Grupo de Caças, herói da FAB na Itália, além de inúmeras outras pessoas ilustres.
À noite, para fechar com chave de ouro a inauguração do novo aeroporto, efetivou-se um baile de gala no Clube de Tênis, o conhecido “Baile da ASA”, onde a senhorita Miraides Baldusse foi coroada como a “Rainha da ASA” de 1951.

Senhorita Miraides Baldussi, a “Rainha da ASA” de 1951, no baile de gala que aconteceu no Clube de Tênis

O asfalto

Mesmo com toda a sua infra-estrutura dentro dos padrões estabelecidos, um dos problemas enfrentados pelo aeroclube foi a pista de pouso ser de terra.
Em 1960, a pista tinha 1.420 metros de comprimento por 120 metros de largura, contando o aeroclube com dois hangares de 40x40 metros, além de uma estação aeroviária recentemente construída.
A pista vinha servindo para linhas domésticas da Vasp e da Real, quando vistoriadas para operações de linhas comerciais, homologadas para aviões de tipo C-46 e C-47. Além dessas aeronaves, a pista servia para pousos de pequenos táxis aéreos e aviões da escola de pilotagem do aeroclube local. Entretanto, nas épocas de chuva, precisavam ser suspensas todas as atividades do aeroclube, por conseqüência da pista ser de terra, que abria alguns buracos, se tornando imprópria para os pousos e decolagens.
O prefeito da época, Antônio Stocco, enviou ofício para o então presidente do Brasil na época, Juscelino Kubitschek, pedindo ajuda para o asfaltamento da pista do aeroclube, que acabou sendo realizada tempos mais tarde.
Houve ainda a construção de um terceiro hangar, inaugurado em 23 de outubro de 1977.

Novo aeroporto

Outra coisa que muita gente também desconhece foi a intenção de se construir outro aeroporto em Catanduva, esse de âmbito internacional.
A iniciativa se deu pelo então prefeito da época José Alfredo Luiz Jorge, que acabou montando uma comissão para a efetivação da construção.
Um dos problemas principais do projeto foi qual seria o terreno para a construção, já que o novo aeroporto teria 2.500 metros de extensão, apta para receber aviões de grande porte.
De acordo com jornais da época, seriam desapropriados pela prefeitura municipal 39 alqueires de terras, pertencentes à Usina Catanduva, em terreno que se encontrava nos altos do bairro São Francisco.
Porém, depois de tanta correria, o projeto acabou não saindo do papel.

Fonte de Pesquisa: Acervo do Museu “Padre Albino”

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

As primeiras leis municipais em Catanduva

Vamos conhecer um pouco sobras as primeiras leis municipais de nossa cidade

Quando falamos em legislação municipal em Catanduva, é interessante notarmos que não houve a preocupação no passado de se fazer um arquivo de todas as leis criadas em nossa cidade.
Atualmente, tanto o site da Prefeitura Municipal quanto o site da Câmara Municipal de Catanduva disponibiliza todas as leis sancionadas nos últimos anos, o que facilita as pesquisas e buscas daqueles que se interessam por determinados assuntos ou delas necessitem.
O que nós temos, apenas, sobre as primeiras leis municipais, são as transcrições delas que foram encontradas em jornais de época, já que tudo era publicado em jornal local, bem como muitas delas foram citadas por grandes colunistas e pesquisadores de nossa cidade, como o jornalista Carlos Machado, e os professores Brasil Procópio de Oliveira e Sérgio Luiz de Paiva Bolinelli.
Diante disso, hoje vamos citar, a título de curiosidade, algumas das primeiras leis criadas no município de Catanduva, lá pelos anos de 1918, quando o nosso primeiro prefeito, Sr. Ernesto Ramalho, foi escolhido entre os vereadores para exercer a função do Executivo.

Primeiras Leis

Lei Nº 01, de 18 de abril de 1918, adota a Tabela de Impostos da Câmara Municipal de Rio Preto, com algumas modificações.
Lei Nº 02, de 18 de abril de 1918, adota o Regimento Interno da Câmara Municipal de Taquaritinga.
Lei Nº 03, de 18 de abril de 1918, adota para o Paço Municipal o prédio do Sr. José Chab, sito à avenida 3 (que logo teria o nome mudado para rua Alagoas).
Lei Nº 04, de 20 de abril de 1918, regula sobre a Instrução Pública, no município, com a criação de 10 escolas municipais. (Interessante percebermos que a educação foi um dos pioneiros projetos de nossa cidade).
Lei Nº 07, de 09 de maio de 1918, autorizando a desapropriação de terrenos necessários ao saneamento da cidade e abertura de ruas.
Lei Nº 08, de 10 de maio de 1918, autorizando a prefeitura a contratar o fornecimento de luz elétrica com Gataz Neme Maluf por 20 anos.
Lei Nº 10, de 03 de junho de 1918, dá nomes às ruas e praças desta cidade.
(Eram as seguintes: No antigo Distrito de Paz de Vila Adolpho, lado esquerdo do Rio São Domingos, as ruas número 1, 2, 3, 4, 5 e 6 passarão a denominar-se, respectivamente, ruas Amazonas, Pará, Brasil, Maranhão, Treze de Maio e Ceará; as avenidas 1, 2, 3, 4, 5 e 6, respectivamente, rua Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Minas Gerais; o antigo largo do jardim passará a denominar-se Praça da República e o largo da Igreja, Praça São Domingos. Na antiga Catanduva, lado direito do Rio São Domingos (hoje Higienópolis), as denominações passarão a ser as seguintes: as ruas paralelas à Estrada de Ferro, Rio de Janeiro, a do lado inferior, São Paulo, ao lado superior; as outras paralelas a estas, de baixo para cima, Goiás, Mato Grosso e Municipal; as transversais a começar pela rua que atualmente atravessa a Estrada de Ferro, Sete de Setembro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Rio Grande do Norte e a praça existente, Praça da Independência; na outra povoação do São Francisco, passará a denominar-se rua 15 de Novembro e as ruas paralelas: Piauí e Acre; as transversais, começando de baixo: América, São Francisco e Paraná. Subscreveram o projeto, transformando em lei, os vereadores Nestor Sampaio Bittencourt, Dr. Francisco de Araújo Pinto e Adalberto Netto).
Lei Nº 16, de 1º de julho de 1918, isentando cafeeiros do imposto do exercício de 1918.
Lei Nº 18, de 15 de julho de 1918, resolve sobre a extinção de formigueiros.
Lei Nº 21, de 16 de julho de 1918, resolve sobre matança de gado.
Lei Nº 22, de 16 de julho de 1918, dispõe sobre o funcionamento do comércio, que era nos dias úteis fechados às 20 horas e domingos e feriados às 15 horas.
Lei Nº 23, de 30 de setembro de 1918, autoriza a prefeitura a construir um prédio para o Grupo Escolar.
Lei Nº 25, de 15 de outubro de 1918, determina a extinção de gafanhotos no município.

Pontos de destaque

Dentre as leis iniciais de nossa cidade, alguns pontos devem ser levados em consideração. A Lei Nº 03, por exemplo, foi essencial para a pesquisa sobre os locais de funcionamento da Câmara Municipal de Catanduva, já que depois do prédio do Clube “Sete de Setembro”, ela passou a funcionar no referido prédio citado na lei.
A Lei Nº 07 nos dá a idéia de que desde o início a função era de fazer a nascente cidade crescer, utilizando para isso os meios que fossem necessários para urbanizar o local, já que naquela época vivia-se uma idéia de modernidade profunda, com um imaginário de grandes praças, largas avenidas e iluminação decente.
No que se refere à Lei Nº 10, que dá os nomes das ruas, avenidas e praças, percebemos grande espírito democrático e idéias liberais na nomenclatura dos elementos, pois além de usar nomes de cidades, Estados e países, algumas ruas e praças levaram nomes ligados à causa liberal e do pensamento Iluminista, como por exemplo, os termos “Independência”, “República”, “Sete de Setembro” (Dia da Independência do Brasil) e “Treze de Maio” (data da abolição dos escravos no Brasil).
Ambas as leis de Nº 18 e Nº 25 correspondiam à necessidade da época, pois já que a cidade praticamente era uma “zona rural em fase de urbanização”, era comum encontrar muitos insetos em Catanduva, daí o apoio dos órgãos competentes para a extinção desses bichos.
Outro ponto interessante de se observar é o horário de funcionamento do comércio estipulado pela Lei Nº 22, mostrando que este funcionava direto. Isso pode ser observado devido à quantidade de pessoas que moravam na zona rural, em colônias ou em pequenas propriedades, que durante a semana trabalhavam de sol a sol e tinham apenas o final de semana para vir realizar suas compras. Era uma boa oportunidade para o incipiente comércio local ir se destacando, além de poder oferecer ao consumidor um horário que era disponível para a realização das compras.

Fonte de Pesquisa: Boletim “Só 10”, Nº 55, de junho de 2010, de autoria do professor pesquisador Sérgio Luiz de Paiva Bolinelli.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

"Jazz-Band Bico Doce"

O “Jazz-Band Bico Doce”, fundado em 1922, foi o primeiro conjunto dançante responsável pela animação da população em nossa cidade

Pode ser que ainda exista alguém que acredite que no início de nossa Catanduva as pessoas não dançavam e não se divertiam como nos dias de hoje. Pensaram errado. Aqui se dançava sim, e muito por sinal.
E não tinha lugar específico para dançar: dançavam em tulhas de café e cereais, encontrados em grandes quantidades na zona rural de Catanduva, além de movimentarem o corpo no ritmo da música em várias residências familiares e em algumas agremiações que já existiam na cidade.
Porém, de início, lá pelos anos de 1920, não se tinha ainda conjuntos de animações oficiais para se fazer a “movimentação” necessária para as festas. Mas isso não era problema para a população, que acabava dando um jeito na situação: principalmente aos sábados e as vésperas de feriados, os moradores locais recorriam ao uso de sanfonas e vitrolas, nunca deixando de realmente “fazerem a festa”.
Interessante é percebermos como que o avanço tecnológico e industrial andou de mãos dadas com o próprio avanço da cultura.
Catanduva nesse momento ainda tinha sua economia muito voltada para a questão agrária, com grande destaque para o café, onde a maioria da população daquela época (que contava com, aproximadamente, 16.000 habitantes) era absorvida em tais atividades.
Só que com o passar do tempo, a industrialização e as atividades urbanas foram se desenvolvendo, contando com uma grande atividade de administradores sérios, sempre preocupados com o progresso.
E esse progresso, idealizado na maioria das vezes, pela elite dominante, trazia embutido em sua essência o próprio desenvolvimento da cultura, atingindo como conseqüência o campo musical.
Partindo desse desejo cultural, Clóvis Cordeiro, filho do Cel. José de Oliveira Cordeiro, antigo morador da Praça da República (local hoje onde se encontra o Cartório do 2º Ofício), deu prosseguimento de se montar uma orquestra em Catanduva. Era um jovem totalmente culto, muito dado às artes musicais, já que era um grande pianista, entusiasta e incentivador da música. Além disso, era bancário de profissão, trabalhando na agência local do Banco Comercial do Estado, sendo também diretor do antigo Catanduva Esporte Clube, que existiu lá pelo lado do Higienópolis.
Recorrendo aos mais variados meios e fazendo muitos contatos com vários músicos, Clóvis conseguiu dar corpo à sua idéia, e no ano de 1922 estava formada a Orquestra de Catanduva.

A “Jazz-Band Catanduva” surgiu no ano de 1922. Foi o primeiro conjunto musical dançante organizado em Catanduva. Nesta foto, data o ano de 1928 e foi tirada na Sociedade Italiana de Catanduva

A orquestra era formada por excelentes músicos, que foram fixando residência em nossa cidade. Seus instrumentos eram os dos mais modernos, fruto de doações efetuadas por membros da comunidade catanduvense, num grande trabalho encabeçado por Clóvis Cordeiro.
Logo de início, essa orquestra passou a ser conhecida como “Jazz-Band Bico Doce”, título este que não foi muito do agrado da população.
O título da orquestra surgiu de uma brincadeira entre os jovens da época. Naquele tempo, os rapazes da cidade tinham o costume de se reunirem para jogar bilhar no antigo bar do Rafael Galhardi, que se localizava na Praça da República. E nessas horas de lazer, enquanto jogavam, iam bebendo pouco a pouco em um único copo, ou seja, dando a “bicadinha” como eles assim o chamavam.  E quando alguém não estava com vontade de dar a tal “bicadinha”, os companheiros sempre diziam: “Dê uma bicada, não faça bico doce, seu maricão”, que se resumia basicamente em “Sirva-se. Não faça cerimônia”. Daí a idéia brincalhona de se colocar o nome da orquestra de “Bico Doce”, que utilizava a antiga sede da Sociedade Italiana local para realizarem seus ensaios.

Foto de 1918/1919 da banda dirigida pelo maestro italiano Antonio Rutta. Percebemos um grande número de grupos musicais em nossa cidade

Pelo fim do ano de 1922, a orquestra estava cada vez mais se desenvolvendo e os músicos atuando com cada vez mais responsabilidade. Nessa época, o nome da orquestra foi modificado para apenas “Jazz-Band Catanduva”, onde a noite de estréia do novo título foi de grande sucesso, sendo realizada em plena Praça da República, com grande presença da população.
O repertório da orquestra era dos mais variados: valsa, tango, polca, foxtrote, maxixe e a mazurca eram ritmos que não podiam faltar naquela época.
O “Jazz-Band Catanduva” exerceu suas atividade de 1922 a 1929.

Foto datada de 24 de julho de 1914, da primeira banda musical de Catanduva (que naquela época ainda se chamava Vila Adolfo), denominada “24 de Julho”. Essa corporação era dirigida pelo maestro Ernesto Scorza Carvalheiro

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A "Banda do Barão" de Catanduva

Na realidade, a conhecida "Banda do Barão" tem o nome de Associação Musical "José Favorino Rangel"
  
“É preciso haver maior conscientização dos catanduvenses para o trabalho de projeção e intercâmbio cultural que a Banda “Professor José Favorino Rangel” – a conhecida “Banda do Barão” – vem realizando em prol da cidade. Se isto não acontecer, estaremos correndo o risco de perdermos um dos nossos mais legítimos patrimônios”.
Essa é uma declaração feita pelo professor José Michel Esper, um dos grandes incentivadores da banda, no jornal “A Cidade” de 08 de abril de 1979, comentando algumas dificuldades que a banda vinha enfrentando no período em que foi presidente da diretoria.
Quando falamos na “Banda do Barão”, as imagens que surgem em nossa cabeça são às dos grandes festivais e dos saudosos desfiles que ela realizou ao longo dos anos, com seus instrumentos, coreografias e uniformes impecáveis.
Aliada a toda essa pompa, a banda sempre teve como companheira as dificuldades financeiras, além de conflitos internos com sua diretoria.
Embora enfrentando obstáculos ao longo dos anos, a banda sempre conseguiu encantar os locais por onde passou e deixou uma boa lembrança para aqueles que fizeram parte desta corporação.

Foto tirada durante desfile em comemoração à Independência do Brasil, no qual se vê parte da “Banda do Barão”, nos anos de 1970

A Corporação Musical “José Favorino Rangel”, popularmente conhecida como “Banda do Barão”, surgiu no início da década de 1970, funcionando por muito tempo no prédio da Escola Barão do Rio Branco, motivo pelo qual ganhou seu apelido.
Inicialmente, a banda foi mantida pela GERB – Grêmio Estudantil Rio Branco –, depois pela APM da escola – Associação de Pais e Mestres – e posteriormente por uma Diretoria constituída pela associação.
De acordo com reportagem no jornal “O Regional”, de 15 de janeiro de 2002, o Sr. Washington Luis Pereira, antigo instrutor da banda, relata que “esses três órgãos eram responsáveis pela parte burocrática da banda: contatos, ofícios e pagamentos. Jamais elas tiveram alguma participação nos destinos da banda durante o qual pertenci às suas hostes”.
A corporação tinha um espírito bem democrático, já que a opção de participar ou não de concursos, trocar ou não o repertório sempre era discutido entre os alunos-músicos, prevalecendo o voto da maioria.

Na verdade, a “Banda do Barão” leva o nome de Associação Musical “Professor José Favorino Rangel”, em homenagem ao homem, que além de professor, foi artista plástico e defendeu São Paulo durante à Revolução Constitucionalista de 1932. Nesta foto, datada de 1964, se dava a formatura dos professorandos do Barão do Rio Branco. Na foto, temos da esquerda para a direita: Prof.ª Mary Helena Magoga, Prof.º José Favorino Rangel, aluna Iêda C. Alexandrino, Prof.ª Maria Aparecida de Carvalho Azarite, aluna Marilda Carvalho, Prof.ª Dinorah Silveira Borges e Prof.º Anísio Borges 

Durante sua história, a banda contou com inúmeros regentes, como por exemplo, Washington Luis Pereira, Enéas Rodrigues, Michel José Esper, Hélios Tricca, Valdemar Campos e Edval de Jesus de Souza Breguedo, que está à frente da banda desde maio de 1987.
O funcionamento da banda na escola Barão do Rio Branco se deu até o ano de 2001, ano pelo qual também foi fundada a Associação Musical “Professor José Favorino Rangel”, com posse de nova diretoria e que tinha como “finalidade primordial manter uma escola para ensino gratuito de arte musical e a formação de músicos para sua execução, por meio de instrumentos de sopro e percussão”, passando a ter sede na rua Emas Nº 42, Parque Iracema.
Sua primeira diretoria foi formada por Célia Tricca Esper, presidente; Enéas Rodrigues de Souza, vice-presidente; Márcio dos Santos Roncalli, tesoureiro; Elcio Américo Corrêa, 1º secretário; Nelson Lopes Martins, 2º secretário; Edval de Jesus de Souza Breguedo, diretor musical; e Onofre Delbson Baraldi, diretor social.
Percebendo o problema financeiro que sempre acompanhou a referida banda, o vereador Onofre Baraldi elaborou um projeto de lei que declarava a Associação Musical “José Favorino Rangel” como sendo de utilidade pública, através da Lei Nº 3.762 de 07 de março de 2002, habilitando esta a receber verba da prefeitura de Catanduva.
O último auxílio enviado à banda partiu do Requerimento Nº 6220/2011, de autoria do vereador Nelson Lopes Martins, “solicitando ao Sr. Prefeito para que envie projeto de lei concedendo subvenção à Associação Musical “José Favorino Rangel”, Banda do Barão”.
O pedido foi atendido, e em 12 de setembro de 2011, através da Lei Nº 5.237, de autoria do prefeito municipal, concedeu uma quantia de R$ 1.500,00 por mês, durante cinco meses, indo dos meses de agosto a dezembro de 2011.

A banda já contou com apoio dos vereadores Onofre D. Baraldi (esq.) e Nelson Lopes Martins (dir). O primeiro foi o autor do projeto que deu origem à Lei Nº 3.762 que declarava a associação musical como de utilidade pública, possibilitando o recebimento de verba por parte da prefeitura. Já o segundo foi o responsável pelo envio do requerimento ao prefeito municipal solicitando subvenção para a banda no ano de 2011, no qual foi atendido através da Lei Nº 5.237, de autoria do prefeito municipal

Atualmente, quem está à frente da banda, tanto como maestro, como presidente da associação é o Sr. Edval de Jesus de Souza Breguedo, que tomou posse como presidente em junho de 2011.
Funcionando de maneira provisória em sala fornecida pela Prefeitura Municipal de Catanduva, no prédio localizado à rua São Paulo (local onde funciona a Guarda Municipal de Catanduva), a banda busca novos recursos para futuras instalações, contando hoje com 60 integrantes.
Infelizmente, a banda ainda passa por problemas financeiros, como comenta Edval: “Ultimamente não participamos mais de festivais, não por falta de qualidade, mas por falta de dinheiro, encareceu demais. Antigamente, a banda era mais “elitista”, e muitas vezes, entre os próprios pais se arrecadava o dinheiro para nossas despesas. Hoje já não temos mais isso. As viagens são bancadas pelas prefeituras que nos convidam para algum evento, cedendo o ônibus e a alimentação”.
Deixando os problemas de lado, o que fica claro entre todos àqueles que participaram da referida corporação é um grande sentimento de saudade e “tempos bons”, mantendo viva e acesa o espírito envolvente.
“Comparo a banda como o time do Barcelona, que hoje é evidência mundial. Até quando vai durar? Será que para sempre? Cada um teve seu momento. Hoje a banda não se encontra em sua forma maior, pois estamos passando por um período de reestruturação. Mesmo perdendo o pique, fizemos história”, finaliza Edval de Jesus de Souza Breguedo.

Atualmente, a banda está sob os cuidados de Edval de Jesus de Souza Breguedo, que além de maestro é o presidente da Associação Musical “José Favorino Rangel”

Referências Bibliográficas:
 - Jornal “A Cidade”, de 08 de abril de 1979.
 - Jornal “O Regional”, de 06 de janeiro de 2002.
 - Jornal “O Regional”, de 15 de janeiro de 2002.
Material pesquisado no acervo do Museu “Padre Albino

Chain: o catanduvense de pés descalços

O popular Chain ficou conhecido por sempre andar com os pés descalços

Catanduva possuiu inúmeras pessoas que até hoje são lembradas por grande parte da população, não por serem poderosos, por possuírem grandes cargos políticos ou ainda por terem realizado “grandes feitos”.
Inúmeros personagens da vida real deixaram suas marcas em nossa cidade pelo jeito único de serem, pelos seus hábitos, costumes e individualidades, fazendo com que eles ficassem conhecidos em sua época e em tempos posteriores.
Podemos aqui citar o negro Osório, homem que vestia uma farda, apito na mão, com direito à quepe e porrete de borracha, que ficava “comandando” o trânsito de nossa cidade em tempos atrás. Diz uma história, que certa vez ele chegou a tomar trinta copos de água de uma vez só.
Muitos ainda se lembram do Muriano, que usando seu sapato velho e furado, cajado na mão e um saco nas costas, andava em Catanduva pedindo esmolas, sempre falando sozinho e causando medo em algumas crianças, embora totalmente inofensivo.
Ainda podemos citar “Joaquim Bolo Fofo”, que era alto e gordo, andava mal trajado e de chinelos, fazendo ponto em frente à “Casa Dois Irmãos” e com seu chapéu arrecadava moedas que lhes eram dadas pela população; também a figura de Andó, caracterizado por sempre usar um paletó azul, camisa abotoada até o pescoço, chapéu, falanmdo sozinho, percorria a cidade com uma pequena enxada nas costas e quando alguém pedia para ele capinar algum quintal, ele sempre respondia: “Amanhã eu vou”.
Todos esses personagens deixaram marcas em nossa cidade e claro que muitos além desses existiram em Catanduva, bem como atualmente contamos com algumas figurinhas marcantes em nosso meio.
Dentro dessa perspectiva, hoje vamos conhecer um pouco da vida de outra figura muito conhecida em Catanduva: Chain Felício Tayar, o homem dos “pés descalços”.

Chain sempre foi muito querido pela população de Catanduva e era  muito conhecido também 

Chain Felício Tayar nasceu na cidade de Catanduva, no dia 02 de novembro de 1933. Filho de Felício Tayar e de Chafica Tayar, de origem libanesa, seu pai exercia a função de pastor, matando cabritos e carneiros e depois vendendo a carne. Além de Chain, o casal ainda possuía mais três filhos: Jamil Tayar, Damus Felício Tayar e Saada Felício Tayar.
Chain, que durante a sua vida exerceu a profissão de corretor de automóveis, ficou muito conhecido em nossa cidade pela característica particular de andar sempre com os pés descalços.
“Esse era um costume que ele tinha desde criança. Não calçava sapato de jeito nenhum, e olha que o pé dele era duro. Muitas vezes quando ele ia vender algum automóvel, ele dava cada chute no pneu do carro para mostrar que era bom, que eu acho que até de botina dava para machucar”, relembra o irmão caçula de Chain, Sr. Jamil Tayar.
Em jornais antigos de nossa cidade, contidos no acervo do Museu “Padre Albino”, foi possível encontrar matéria que classificou Chain como um andarilho, fato que foi negado por seu irmão. “O Chain nunca foi um andarilho, porque ele tinha casa. Como nunca casou, sempre morou com os pais. O que acontecia, é que às vezes ele saía andando pelas ruas e não voltava, dormia em alguns lugares, como a Guarda Municipal, por exemplo”.
E por falar em Guarda Municipal, um dos grandes desejos de Chain era de poder usar o uniforme da corporação. Sua vontade foi cumprida durante a gestão do prefeito municipal Carlos Eduardo de Oliveira Santos, e das mãos do chefe da GCM, Dorival Callegari, recebeu a farda e o apito que tanto queria.
De acordo com o referido prefeito, em matéria do jornal “O Regional”, de 06 de julho de 1999, a doação do uniforme à Chain foi feita com uma condição: de que ele se calçasse. “Ele não usava calçados e seus pés estavam sempre machucados, por isso demos a farda que ele queria com a condição de que, a partir dali, ele usasse sempre sandálias e meias que compramos”, lembrou Carlos Eduardo.

Foto tirada durante a construção do calçadão da rua Brasil, no ano de 1987. Chain sempre estava perto de políticos e pessoas conhecidas da cidade. Na foto, temos, da esquerda para a direita: José Paschoal Figueiredo, José Roberto Louzado, Geraldo Coneglian, Haroldo Gondim Guimarães, José Alfredo Luiz Jorge, Baroni, Thomé e Chain, com os pés descalços

Se por um lado Chain não gostava de cuidar muito de seus pés, grande cuidado dispensava para as mãos. “Ele tinha o costume de lavar muito as mãos. Abria a torneira, gastava quase um sabonete e ficava um tempão esfregando uma mão na outra para poder deixá-las impecáveis. E quando acabava de lavar, não fechava a torneira não, com medo de sujar de novo”, relembra o costume do irmão o Sr. Jamil.
Um dos fatos lembrados por seu irmão foi uma das festas de carnavais, onde Chain desceu a rua Brasil com uma placa que continha os dizeres: “Chain, o maior corretor da praça”.
“Ele gostava muito de carnaval e era nessa época quando ela mais se arrumava, ou melhor, colocava uma bermuda mais arrumada ou uma calça arregaçada na altura das canelas e saía para as noites de festa. Ele podia ter todos os defeitos do mundo, mas uma coisa que era muito forte nele era sua honestidade. Como era corretor de carros, hoje em dia é muito comum vermos as pessoas venderem carros ruins por bons. Chain não: se o carro fosse batido ele não vendia, ou ainda mostrava os defeitos que o carro que estava vendendo possuía. Não enganava ninguém”, finaliza seu irmão caçula.
Chain Tayar faleceu no dia 05 de julho de 1999 devido à problemas respiratórios. Seu corpo foi enterrado com uma farda da Guarda Civil Municipal de Catanduva no cemitério “Nossa Senhora do Carmo”.
Como forma de homenagem à essa grande figura que fez parte da história de Catanduva, o vereador Marquinhos Ferreira apresentou projeto de lei no ano de 2009, denominando que a estrada municipal Ravazi (C.T.V. 382) recebesse a denominação de “Rodovia Municipal Chain Felício Tayar”. O projeto foi aprovado e transformado na Lei Nº 4.911, de 22 de fevereiro de 2010. 

Sr. Jamil Tayar, irmão caçula de Chain: " Eu como era o caçula, de vez em quando eu dava umas broncas  nele e ele não gostava não"

Lei da criação do município de Catanduva

Município de Catanduva foi criado em 1917 e instalado em 1918

Em publicação recente, postei a lei da criação do Distrito de Paz de Vila Adolpho. Para completar, hoje posto a lei da criação do  município de Catanduva, datada de 14 de novembro de 1917 e que teve sua instalação em 14 de abril de 1918, no antigo Clube "Sete de Setembro", prédio que se localizava na esquina das ruas Brasil com Paraíba.
Segue a lei:


Lei Nº 1.564 – De 14 de Novembro de 1917

Crêa o município de Catanduva, na comarca de Rio Preto

O DOUTOR ALTINO ARANTES, Presidente do Estado de São Paulo.
Faço saber que o Congresso Legislativo decretou e eu promulgo a lei seguinte:
Artigo 1º - Fica creado o município de “Catanduva”, com o território do atual distrito de paz de “Vila Adolfo”, da comarca de Rio Preto.
Artigo 2º - As suas divisas são as seguintes: Começam na barra do córrego Jacú, no ribeirão São Domingos, e sóbem por aquele até dois quilometros e meio; daí, a rumo, vão ter ao corrego dos  Tenentes, no ponto que dista dois quilometros e meio da sua barra no ribeirão São Domingos e descem pelo córrego dos Tenentes até ao Ribeirão São Domingos, descem por êste até a barra do córrego Taquari, por êste acima até a sua cabeceira mais alta, e daí, em linha reta, até a cabeceira mais alta do córrego de Limeira, por êste abaixo até a sua confluência com o córrego das Bicas; continuam por êste acima até a confluência do primeiro pequeno córrego da margem esquerda e por êste acima até a sua cabeceira; dêsse ponto prosseguem em rumo até a cabeceira do córrego S. bento, por esta abaixo atá à sua confluência no ribeirão Cubatão e por êste  acima até à sua cabeceira; daí, não ao alto do divisor das águas dos ribeirões Três Barras, Cubatão e S. Domingos, e, alcançando a cabeceira do córrego da Barra Grande, descem por êle até o ribeirão S. Domingos e por êste abaixo à barra do córrego Jacú, onde tiveram começo.
Artigo 3º - Revogam-se as disposições em contrário.
O Secretário de Estado dos Negócios do Interior assim a faça executar.
Palácio do Govêno do Estado de S. Paulo, aos 14 de novembro de 1917.

ALTINO ARANTES.
Oscar Rodrigues Alves.

Publicada na Secretaria de Estado dos Negócios do Interior, em 14 de novembro de 1917. – O Diretor-geral, João Crisóstomo B. Reis Junior.

Populares em frente ao Clube "Sete de Setembro" durante a instalação do município de Catanduva, que se deu em 14 de abril de 1918